MINI-DOCUMENTÁRIO REALIZADO POR ARISTIDES OLIVEIRA E MEIRE FERNANDES.
REGISTRO DE INTERVENÇÃO FOTOGRÁFICA.
Este trabalho teve como objetivo utilizar retratos antigos como suporte de pesquisa entorno da imagem fotográfica, buscando discutir: suas formas de produção e consumo. O contato com um acervo particular de fotografias, que tinha como destino o lixo, instigou questionamentos entorno dessas imagens. Não de que família, cidade ou Estado estas imagens eram originadas, mas de como o olhar contemporâneo poderia se relacionar com estas construções imagéticas do passado, que causam estranhamento, precipitando sensações, lembranças e significados nos observadores.
A detentora dos retratos, uma professora de 53 anos, que não quis se identificar, não mais tinha interesse em guardá-los e por esse motivo estava se desfazendo das fotografias, quando sensibilizada, outra senhora pediu para que não as jogassem no lixo dizendo que guardaria os retratos em sua casa, assim, mesmo se tratando de desconhecidos, esta preservou aquelas imagens. Nos apropriamos dos retratos, empregando o conceito utilizado por Marcel Duchamp para designar “criação, considerando a relação da arte com os objetos cotidianos”, buscamos re-apresentar estas imagens, sobrepondo novos sentidos e significados para esses retratos.
Após os estudos realizamos um espaço de experimentação conceitual, que se caracterizou em ampliar seis destes retratos e realizada uma exposição no centro da cidade de Teresina, na Praça Pedro II, que funcionou como uma intervenção visual no espaço urbano. Durante a intervenção realizada, todo movimento entorno das imagens, as interações e relações criadas entre os espectadores e as imagens escolhidas para a experiência foram registradas. Registros e vivências pessoais nos mostraram reações das mais diversas entre um aspecto espectral das imagens e o incômodo em torno delas, numa relação de provocação, atração o que nos possibilitou também pensar um pouco sobre os usos da fotografia atualmente, a banalização da imagem fotográfica e a poluição visual urbana, numa sociedade tão marcada pelo bombardeamento de informações efêmeras e dispersas dentro do esquema da indústria cultural, que não proporciona a reflexão e criticidade dos caminhantes na malha urbana, fortemente impedidos de vivenciar seus desejos e de perceber seu espaço.
A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade Federal do Piauí no curso de Artes Visuais por Meire Fernandes, através do Conselho nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq) com a colaboração de Aristides Oliveira.
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